Tinha aqui partilhado neste post
que quando, logo ao início, o meu filho mais velho me perguntou o que se
passava com o Ronaldo eu fui apanhada de surpresa e não soube responder... Ele
não sabia o que era uma violação, como explicar tanta coisa? Arrependo-me de
não ter pensado rápido e de não lhe ter respondido. Depois, li algumas coisas
sobre o assunto e a forma de abordar esta notícia, de forma adequada aos 8 anos
dele, e ontem puxei a conversa e disse que já sabia o que tinha acontecido com
o Ronaldo e a rapariga. Frisei bem que não estávamos lá para ver e que todos
são inocentes até um juiz provar o contrário. Ele disse logo que os juízes têm
de ser pessoas muito sérias. E expliquei que, ao que parece a rapariga estava a
dançar com o Ronaldo e parecia que ela queria namorar com ele... O Ronaldo
beijou-a, mas depois ela mudou de ideias e o Ronaldo continuou a beijá-la. E
que se fez isso é errado porque não podemos forçar ninguém a beijar-nos ou a
namorar connosco... Para mim, o cerne da questão era este: Não beijar quem não
quer ser beijado, não nos deixarmos beijar se não queremos. É o nosso corpo. A
nossa intimidade. Os nossos limites.
E aqui caímos num tema que parece
que está ao rubro nas redes sociais por causa de um professor que disse, no
Prós e Contras da RTP, que eu não vi, que não devemos obrigar as crianças a dar
beijos, nem às avós. Não sei o contexto em que ele falou e parece que há grande polémica, mas em relação a forçar a dar beijos, eu concordo que não se deve obrigar. Sempre fiz isso. Já fui criticada e olhada
de lado. A minha mãe espuma de fúria quando os netos não lhe querem dar beijos
e eu não obrigo. Os beijos conquistam-se. Os afetos não são forçados. Eu
acredito que nisto. Acredito que não devemos forçar o contacto físico, que não
podemos ensinar as crianças que dão donas do corpo delas, se depois as
obrigamos a dar beijos... claro que há crianças que estão na boa, mas há outras
para quem dar um beijo a um estranho - uma amiga vossa que encontram na rua e
não vêm há anos, apresentam o vosso filho lindo e ele é obrigado a beijar uma
estranha ali na rua, sem razão nenhuma -. Para mim não faz sentido. Não serei a
única, a Ursa, Quadripolaridades, escreve muito bem sobre isso, não só como mãe,
mas como psicóloga. Eu tenho três filhos e sei que para um deles os beijos a
estranhos são um terror, odeia chegar a algum sítio cheio de gente, odeia que
estabeleçam contato com ele nos primeiros minutos. E foi ele que me ensinou que
não posso obrigar a dar beijos. E não é mal-educado por isso. Um olá, boa tarde
ou adeus são suficientes. Para mim, para os meus filhos. E eu farei sempre o
que achar que é melhor para eles.
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