As relações das mães e das filhas nem sempre são fáceis, mas eu adoro a minha mãe e sempre tivemos uma boa relação. Muitas coisas só compreendi depois de ser mãe, muitas delas assim que tive uma casa para governar.
Mãe: O que é que queres jantar?
Eu: (ensonada à mesa do pequeno almoço) Sei lá, mãe. O que quiseres. Qualquer coisa menos estares de manhã a perguntar-me o que eu quero jantar...
10 anos depois:
Eu: Maridão, o que é que queres jantar logo? e podíamos também decidir o almoço de amanhã?
Maridão: O que quiseres. Qualquer coisa.
Eu: Isso não me ajuda nada.
Maridão: Queixavas-te da tua mãe, mas estás igual...
Eu: É que já não sei que ementas devo fazer.
Eu e a minha mãe não somos parecidas de feitio, temos ideias muito diferentes da vida e do que queremos, mas ela foi sempre uma super mãe e é agora também uma super avó. E é uma pessoa querida por todos. Ensina o meu filho a rezar, fala-lhe do avô que é uma estrela no céu e muitas coisas que vamos descobrindo através de declarações ou actos do miúdo.
No dia de anos é o dia em que mais trabalha em casa. Está desde ontem a preparar tudo. Tem de ter tudo organizado, preprado, decididido e aprumado de véspera. Não gosta de correrias nem de coisas em cima da hora. Adora ter-nos lá em casa, mas prefere que avisemos com tempo para ela preparar tudo. Pratos especiais para os dias de festa. Flores frescas acabadas de comprar. A mesa posta de véspera. As iguarias feitas com primor, pensadas com antecedência. Menús semelhantes todos os anos. Inovação, experiências novas e arriscar não é com ela. Cresci assim. Nesta organização. Não sou assim e fui casar com o 8º filho de uma família numerosa, desorganizada e com ascedência espanhola. É a loucura total, mas eu adoro reboliço e acho fantástico que o meu filho cresça vivenciando estes dois mundos. Na casa da avó tudo é calma, tranquilidade, migalhas no prato e organização. Do lado da família do pai é a festa, uns a entrarem e outros a saírem, almoços que se prolongam até à ceia, primos a correr, improviso e caos (contolado). Espero que estes dois mundos façam dele uma pessoa equilibrada. Uma pessoa que sabe viver em diversas situações e em realidades distintas.
Mas hoje o dia é da minha mãe que já preparou tudo para poder ir buscar o neto à creche (como todos os dias) e ir com ele para casa. No final, só falta o prato principal ir ao forno e abrir o champanhe para o tradicional brinde de aniversário. Muitos e bons anos, mãe. Muita saúde, muito amor e muita vida à tua volta. E não tenhas ciúmes da família que herdei em casamento. Amo-te muito e eles apenas são mais descontraídos, mais divertidos e em grande quantidade... O que faz com que seja sempre uma festa. Eu sempre te disse que gostava de ter uma família grande - tu tiveste dezenas de primos e tios - mas eu não e sinto-me feliz por ter encontrado essa família grande e que o meu filho viva a loucura que estas famílias proporcionam. E não tenho dúvidas que as famílias grandes ajudam no desenvolvimentoe permitem laços (além da paródia) que de outra forma não se conseguem construir.
Mas hoje é o teu dia. PARABÉNS QUERIDA MÃE!
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