Já tinho lido aqui, mas hoje voltei a ler aqui um texto em que o pediatra Mário Cordeiro fala da importância do fim do dia e é absolutamente verdade. A mim o fim de tarde angustia-me. Custa-me estar tão pouco tempo com o meu filho. Custa-me saber que grande parte desse tempo vai ser passado em frente do prato de sopa que o meu filho não gosta de comer. Custa-me saber que o tempo é curto para estar com quem mais amo. Desde que li pela primeira vez que Ao fim do dia os filhos têm tantas saudades dos pais e têm uma expectativa tão grande em relação ao momento da sua chegada a casa que bastava chegar, largar a pasta e o telemóvel e ficar exclusivamente disponível para eles, para os saciar. Passados dez minutos eles próprios deixam os pais naturalmente e voltam para as suas brincadeiras. Estes dez minutos de atenção exclusiva servem para os tranquilizar, para eles sentirem que os pais também morrem de saudades deles e que são uma prioridade absoluta na sua vida. (...) Por outras palavras, uma criança que espera pelos pais o dia inteiro e, quando os vê chegar, não os sente disponíveis para ela, acaba fatalmente por chamar a sua atenção da pior forma*. Tenho tido mais consciência do assunto e tenho tentado não correr para a cozinha assim que chegamos a casa para conseguir estar um bocadinho a brincar e a conversar com o piolho, mas nem sempre é fácil. As pessoas dizem que o que é importante é a qualidade do tempo que temos para os nossos filhos e não a quantidade, mas eu acho que nos falta tempo (em quantidade) para estar com os nossos pequeninos. Por muito boas que sejam as duas horas (nem sempre chegam a ser duas) que estamos com os nossos filhos ao fim do dia são pouco tempo para disfrutarmos da companhia uns dos outros. Gostava de ter mais tempo para os que mais amo. Gostava mesmo muito.
*in Boletim de Julho da Acreditar
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