Foi um ano louco. Assustador, em algumas alturas. Foi um ano de teste à resistência do meu casamento porque, de repente, estamos sempre juntos, desde março. Eu trabalhava em casa, já há uns anos, mas sozinha passámos a estar os 5 em casa, numa casa minúscula para estarmos 24 sob 24h, todos os dias, todas as semanas, todos os meses... E foi como se tivesse sido engolida pelo trabalho, pela casa, pelos filhos, pelas máquinas da louça e da roupa que funcionavam sem parar, pelas refeições, compras de supermercado. O verão foi uma pausa muito boa. Um verão diferente, fora de confusões e de praias cheias. Umas férias 5 estrelas, mesmo perfeitas. Tudo ficou mais simples em casa em setembro, com o regresso dos miúdos às escolas e às atividades, mas estamos todos muito mais em casa. Para já, ninguém muito próximo ficou doente, apesar de conhecermos avós de pessoas próximas que morreram com o vírus. Nenhum de nós perdeu o trabalho, se bem que eu tive menos projetos, já que o ramo editorial foi um dos mais afetados pela pandemia. No entanto, não me posso queixar, adorei todos os trabalhos que fiz, deram-me mesmo gozo e a sensação de realização, e já tenho projetos muito giros a arrancar para 2021. A pandemia e o confinamento fez-nos amar ainda mais a natureza, o ar livre, o estar na rua. Temos a sorte de ter Monsanto mesmo à porta e eu voltei a andar de bicicleta, coisa que não fazia desde a infância... foram mais de 35 anos sem andar de bicicleta e hoje em dia já vou e já aprecio andar na cidade e no meio da natureza, com a família e os amigos. 2020 levou os abraços, a mesa cheia de amigos e de família, as festas com a casa cheia, mas arranjámos sempre maneira de comemorar e de dar o nosso carinho. 2020 trouxe para junto de nós uns amigos que se tornaram vizinhos e esta minha amiga foi, sem dúvida, das melhores coisas de 2020. Sem ela e a sem a sua companhia diária- só não estivemos juntas no confinamento total - e tinha sido mais difícil suportar todos os desafios desta pandemia. Acredito na vacina e espero que 2021 nos traga alguma serenidade, menos mortes, menos infetados e que, aos poucos, voltemos a estar juntos sem medo. Acho que nunca valorizámos tanto o estar, o convívio e isso levamos connosco para os próximos anos. Para já, vamos estando, com cuidado, com distanciamento, ao ar livre, mas sem perder do radar aqueles que nos são importantes, aqueles que gostamos e que gostam de nós.
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