Tive os melhores avós do mundo. Os meus avós maternos eram os únicos vivos, mas eram assim de mão cheia! A minha avó ainda me acompanha e tem-me ligado todos os dias, com os seus 97 anos, para saber se estamos melhores. O meu avô, que morreu quando eu estava grávida, há 6 anos, mimou-me com todas as energias, contou-me histórias, deu-me semanada às escondidas... dormia em casa deles semanas a fio, que os meus pais estavam sempre a passear, passava férias e férias em casa deles e criámos um vínculo único. A minha avó sempre sábia, palavras certas, bastava um olhar para saber que tinha esticado a corda. Nunca me levantou a voz, nunca me gritou. Só amor. E eu adorava estar em casa dos meus avós, onde me sentia em casa. Os meus filhos não têm a mesma sorte. O meu pai e o pai do meu marido já morreram, não conheceram um avô, a minha sogra tem alzheimer há uns 15 anos, e é uma figura distante, e a minha mãe não é a avó que eu tive... e é sempre uma luta para estarem com ela. Quando eram bebés, obedientes, a minha mãe tomava conta deles, penteava-os e passeava-os... agora, que são 3 criaturas com voz, com vontades, birras e outras virtudes de crianças saudáveis de 3, 5 e 9 anos... é mais difícil. E se até há uns tempos ainda me dava uma mão com os miúdos, está cada vez mais complicado... ela não tem paciência para eles, eles não gostam de estar com ela, não a respeitam... ela não os conquista, grita-lhes, levanta-lhes a mão se é desafiada... E eu fico triste, não só por eles não sentirem a dimensão do verdadeiro amor de avó, que foi o melhor que eu tive, como por nós não termos esse apoio... No ano passado ainda fomos jantar e ao cinema, mas eles ficavam em choro, e havia sempre guerras, e reclamações no dia a seguir... e isso tira a vontade de os deixar, nem gozamos a noite... Valem-me outras redes que fui criando, com mães dos amigos deles com quem me oriento durante a semana, sempre que preciso ou elas precisam, e a minha maravilhosa cunhada mais velha que é como se fosse a minha sogra e a avó deles, em toda a dimensão da palavra... Mas tenho pena que eles não corram para o pescoço da avó, como eu corria, que não peçam para ir para casa dela, como eu pedia, que não tenham saudades dela, como eu tinha...
Comentários
Enviar um comentário
Gosto de saber o que as outras vidas têm a dizer sobre isto!