Ver a minha avó, de 90 anos, cuidar do amor da vida dela é ter o privilégio de presenciar uma verdadeira história de amor. Ontem vi amor e um brilho lindo nos olhos da minha avó enquanto fazia uma festa no rosto do meu avó, que ali está, deitadinho na cama, a ser cuidado pela mulher da sua vida. A maneira terna como fala com ele, como lhe segura as mãos, como lhe dá a sopa ou o leite com chocolate comove qualquer pessoa. E eu estive ali a fazer companhia. O meu avô, apesar de eu ter sido sempre a menina dos seus olhos, a primeira neta, já mal se apercebe da minha presença, pois está quase sempre a dormitar, mas a minha avó adora conversar e falámos muito. A certa altura desabafa que ninguém imagina o trabalho que dá cuidar do meu avô, que já não sai da cama. É verdade. Quando temos um bebé achamos uma loucura o trabalho que dá um recém-nascido, mas não é nada comparado com o trabalho que dá um avô que praticamente já não se mexe. E quando somos mãe temos 20, 30 ou 40 anos. E a minha a...