Não há muito que possamos fazer para ajudar a filha dos nossos queridos amigos a quem aos 2 aninhos foi diagnotiscado um cancro horrível e super agressivo, mas tentamos de alguma forma ajudar os nossos amigos para que não se sintam sozinhos e para os aliviarmos com algumas coisas chatas do dia a dia. Quando a pequenina está internada para os ciclos de quimio há um dos pais que fica a dormir no IPO e o outro vai buscar as outras duas filhas, dá banhos, faz trabalhos de casa, leva à natação, ao ballet... e parece que estupidamente a vida continua. Para ajudar no dia a dia estamos a organizarnos para haver alguém que trata do jantar deles. Hoje era o nosso dia. E quando estava a falar com a minha amiga para ir entregar ela disse que como hoje estavam os 5 (a filhota veio uns dias a casa a´té ao novo ciclo de quimio) até podíamos combinar jantar juntos e não ser só levar o jantar. E lá vieram eles. Brindámos com um bom vinho à coragem deles e à luta da filha deles enquanto conversávamos, pestiscávamos e os nossos filhos brincavam, saltavam, gritavam! Os nossos amigos desanuviaram, via-se que estavam a gostar de estar connosco, numa aparente normalidade, como dizia a nossa amiga... Os meus filhos sabem que a amiga está muito doente. O meu filho mais velho sabe que ela pode morrer. A doença é muito grave. No outro dia antes de dormir pediu para rezar por ela. E ficou feliz quando hoje de manhã eu lhe disse que a pequenina estava a reagir bem aos remédios que lhe estavam a dar, que eram tão fortes que lhe iam fazer cair o cabelo, e que vinham jantar connosco. Ele sorriu. Não há muito que possamos fazer para aliviar a dor desta família, mas podemos ajudar na lojística, podemos mostrar-nos 100% disponíveis para ficar com as miúdas mais velhas, para fazer compras de supermercado ou uma conversa de desabafo tardia. Gostei de os poder abraçar hoje e de termos um momento bom e alguns sorrisos num momento da vida em que a última coisa que lhes apetece é sorrir, mas têm de levar a vida para a frente, como podem e conseguem, engolindo lágrimas, vendo as conquistas das outras duas filhas, vendo a coragem da pequenina que luta contra o cancro... Enfim... Mas eles são um casal fantástico, com uma força incrível e só tenho pena que não vivamos num país onde uns pais a quem é diagnosticado a um filho uma doença oncológica, que exige internamento de semanas e semanas e semanas e semanas... com algumas idas pontuais a casa quando a resposta à quimio assim o permite, como é qeu é possível que não haja uma segurança social que comparticipe a 100% os ordenados destes pais para que eles se possam dedicar ao mais importante sem terem de se preocupar com a renda ou a escola dos outros filhos... É muito triste. É que quando uma criança está internada tem de estar sempre algum adulto com ela, dia e noite, e quem elas querem, quem elas merecem que esteja a dar colo são os pais... até porque muitas vezes não sabem quanto tempo terão juntos...
Isto sim é ser amigo do seu amigo! E é mesmo uma pena que não haja mais apoios para os pais destas crianças!
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