A morte de um grande amigo de
infância do meu marido, cujo coração não resistiu à violência dos tratamentos
para combater o cancro, deixou-me de rastos. Ver o meu marido desfeito, junto
dos amigos da primária, que se mantém amigos até hoje, uns mais próximos que
outros, mas todos ali, malta de 40 anos, incrédulos, chocados, desfeitos a
chorar a morte de um deles. É horrível. Sonhei a noite toda com a morte deste
amigo, fui dormindo e acordando. Ver gente da nossa idade morrer custa. Assusta.
Não só pela tristeza de quem parte, o desgosto nos que ficam, mas por pensarmos
na nossa própria fragilidade. Que nos pode acontecer a nós. Não são só os avós
e pais a morrerem, que já dói tanto, mas amigos da nossa idade enterrados pelos
próprios pais. E não foi um acidente. Foi uma doença. Uma doença que veio, que
ele combateu, que veio passado dois anos e que levou a melhor. Uma merda. Um nó
na garganta. O medo da morte. E eu tenho medo da morte. Medo de morrer. Medo de
deixar os meus filhos pequenos… Estas situações servem também para nos abanar. Para
nos mostrar que a vida é mesmo efémera e que perdemos muito (mais muito mesmo)
tempo com coisas e parvoíces que não interessam. Nunca temos tempo para nada. Andamos
sempre a correr. A marcar jantares que nunca se concretizam… Tínhamos falado
deste amigo lá ir à nossa casa nova (numa ideia que tivemos de 2 vezes por mês
organizar um jantar com amigos que nem sempre estão no nosso dia a dia, mas de
quem gostamos muito e fazem parte da nossa vida). E nunca há tempo para nada,
às vezes nem para um telefonema, mas depois há uma morte e todos nos
conseguimos organizar para estar juntos. Devíamos celebrar mais a vida e
arranjar tempo para estar juntos, enquanto ainda nos podemos rir e festejar!
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