O meu filho mais velho gostava do menino novo da sua turma, o Zé. Oh, mãe, o Zé é cigano, disse-me ele, querendo saber o que é que ser cigano quer dizer, isto porque o Zé era o único menino cigano. Convidou o Zé para a festa de anos, no leque dos 10 amigos que podia escolher, mas o Zé não foi... não o deixaram... E agora já não são amigos. Oh, mãe, o Zé bate e faz fintas e faltas no cimento. Expliquei-lhe que se calhar o Zé não sabia ser de outra maneira, falei-lhe das várias realidades, fi-lo ver que o Zé (e o menino chinês) eram os únicos que não conheciam o Jogo da Forca quando fizemos a atividade na semana passada. Expliquei que nem todos os meninos têm a realidade deles, a realidade que tantas vezes os faz queixar (não me deixam jogar playstation durante a semana, não podemos comer todas as guloseimas que queremos, só duas vezes no carrossel?!...)... Falei novamente dos desafios da comunidade cigana, de como ainda vivem fechados, nem de propósito tinha lido hoje este artigo... e fi-lo ver que podia fazer a diferença na vida do Zé, principalmente quando me disse que já nenhum menino gostava dele. Disse-lhe para quando o Zé fizesse uma falta feia, agressivo, ele lhe dizer: tu és melhor do que isso! Nós queremos ser teus amigos. Mas responde-me o meu filho... não, mãe, o Zé não está no CAF (tempos livres férias) e depois já não vai à nossa escola... E eu fiquei a pensar no Zé e na vida dele...
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